sexta-feira, 17 de junho de 2016

Conclusão do portefólio

Percorrido este longo caminho, chegámos ao seu termo. Muito trabalho foi realizado e muitas foram as aprendizagens. No entanto, o meu percurso como docente continuará a desenvolver-se através de investigação, estudo cuidado, responsabilidade no acompanhamento das várias mudanças de ordem social, cultural e tecnológica, e ainda reflexão e questionamento contínuo da minha prática letiva. Destaco, sobretudo, a necessária humildade para constatar as ultrapassadas e descontextualizadas práticas pedagógicas que já não surtem os efeitos desejados. Nestes casos, há que repensar o ensino e implementar novos procedimentos mais eficazes.
Em síntese, considero que o balanço das minhas aprendizagens foi muito positivo. Tratou-se de uma formação que veio a melhorar a minha atividade pedagógica, despertando-me para novos e melhores caminhos a seguir. Apesar de não lecionar atualmente Português e História e Geografia de Portugal do 2º ciclo, tive sempre especial interesse por estas disciplinas. Comecei a minha carreira docente lecionando o grupo de recrutamento 200. Por isso, esta profissionalização vem completar as minhas habilitações como docente. Muito há para aprender, basta querer melhorar. Este é a função do professor: melhorar as aprendizagens dos alunos. Para consegui-lo, o professor necessita de procurar melhorar como educador. Despeço-me com alguns pensamentos de Paulo Freire:



 Soraia Martins Moreira


segunda-feira, 6 de junho de 2016

Cândida Proença, Didáctica da História, Lisboa, Universidade Aberta, 1989, p. 174-191.

Proença (1989, p. 174) considera que existem três coordenadas fundamentais relativamente à planificação do ensino: “esquema conceptual, capacidades a desenvolver e os grandes problemas sociais em torno dos quais se irá desenvolver a aprendizagem”. O esquema conceptual é a linha de orientação que tem a função de evitar a dispersão da aprendizagem por temas secundários e que não têm relevância suficiente para ser objeto de estudo. Outra importante coordenada é o desenvolvimento de capacidades intelectuais ou sociais no aluno, não esquecendo os avanços científicos e a preparação do aluno como futuro cidadão. Por último, o docente deve realizar a sua planificação tendo em conta os problemas sociais da atualidade para “sensibilizar os alunos para a sua solução” (Proença, 1989, p. 175). A mesma autora considera, porém, que não se deve optar em exclusivo apenas por uma destas coordenadas, o professor deverá antes ter em linha de conta as três, aquando da planificação do seu trabalho.
Proença (1989) defende a organização do ensino por unidades didáticas em detrimento da planificação por lição. Segundo a planificação por unidades didáticas, o aluno encontra-se no centro da aprendizagem, realiza atividades orientadas pelo docente com o seu auxílio, e coloca as suas dúvidas. Já na aprendizagem planificada na perspetiva de lição, o professor ocupa um papel central, a aula é dirigida por ele e o aluno não coloca questões antes responde às mesmas formuladas pelo professor.  




A planificação, segundo Proença (1989, p. 176), é “uma necessidade decorrente da conceção do processo didático como uma ação cientificamente conduzida para alcançar determinadas finalidades educativas.” Para desenvolver capacidades e transmitir conhecimentos, o professor deve elaborar uma planificação rigorosa, bem como refletir sobre as melhores estratégias e os recursos mais adequados que deverá utilizar. Como Proença (1989, p. 176), refere “tais metas não podem ser deixadas ao acaso, até porque estão definidas nos programas oficiais.” Contudo, a planificação dos conteúdos programáticos não deverá ser demasiado rígida, de tal modo que o professor não possa corresponder às interações da aula. Como salienta Proença (1989, p. 177), a “aula é um processo vivo e dinâmico, onde uma complexa trama de interações humanas e diversidades de interesses determinam a atuação do professor e dos alunos.” Assim, a planificação é um documento de referência que deve estruturar o processo de ensino e de aprendizagem. O vídeo seguinte aborda a importância de haver uma planificação do processo de ensino e aprendizagem.





A planificação deve respeitar o currículo e o programa da disciplina, bem como a idade, o desenvolvimento e as condições socioeconómicas e culturais dos alunos e deve atender igualmente ao contexto escolar, às suas infraestruturas, assim como ao meio onde a escola está inserida. A planificação deverá privilegiar a aprendizagem como um processo e não visar apenas resultados finais, classificações ou níveis obtidos, daí que todos os dados atrás mencionados são relevantes para traçar um plano de aprendizagem. A planificação a longo prazo procura gerir os conteúdos do programa da disciplina ao longo do ano letivo e tem em consideração os esquemas conceptuais, que são “as ideias subjacentes à organização de um programa, dependentes das posições pedagógicas e filosóficas dos seus autores” (Proença, 1989, p. 178). A planificação a médio prazo incide sobre uma determinada unidade temática e nela deverão constar: uma linha conceptual de desenvolvimento que interliga os vários conteúdos; os pré-requisitos que o aluno deverá ter para poder estudar um novo tema; os objetivos gerais e a sua operacionalização em objetivos específicos; os conteúdos organizados; as estratégias de ensino; a avaliação; o tempo; o material necessário à realização das atividades propostas; os materiais de avaliação formativa e sumativa, bem como as atividades de remediação ou de enriquecimento e a bibliografia utilizada.


Proença (1989, p. 182) considera que “a planificação a médio prazo é a trave mestra da condução do ensino. Aliás permite que o ensino seja dirigido para a unidade como um todo, e não fragmentado aula a aula, o que é muito importante em termos de conceção da aprendizagem”. Cabe a cada professor encontrar um modelo próprio de acordo com a sua conceção de ensino, as caraterísticas dos seus alunos e a sua própria personalidade. Para terminar, apresenta-se um vídeo que aborda, entre outras, a temática da importância da planificação.


Bibliografia:

Proença, C. (1989). Didáctica da História. Lisboa: Universidade Aberta.

Maria Cândida Proença, Didáctica da História, Lisboa, Universidade Aberta, 1989, p. 144-169.

A avaliação é a forma adequada para regular os conhecimentos dos alunos em função dos objetivos traçados pela escola e pelo professor. Para isso, é necessário “identificar e definir os objetivos educacionais e construir ou selecionar os instrumentos de avaliação que melhor possam testar a consecução dos objetivos” (Proença, 1989, p. 144). A avaliação é um processo contínuo, sistemático, e requer o estabelecimento prévio dos objetivos para que se possa posteriormente verificar se houve ou não progressos por parte do aluno. A avaliação não se resume a uma determinada classificação, “a avaliação inclui descrições qualitativas e quantitativas do comportamento do aluno e juízos de valor sobre o desejo de apresentar esse comportamento; a classificação está limitada a descrições quantitativas do comportamento do aluno.” (Proença, 1989, p. 144). No seguinte vídeo, tecem-se algumas considerações sobre qual é e qual deveria ser o papel da avaliação na educação.


Atualmente, a avaliação tem por referência as metas educacionais e, neste sentido, procura aferir até que ponto elas são alcançadas, pois “descreve qual é a situação do aluno num determinado momento; compara com o que devia ser, isto é, a situação que se desejaria face aos objetivos enunciados; identifica as discrepâncias existentes” (Proença, 1989, p. 144). A partir daí, o professor analisa a informação e procurará novas soluções para os resultados discrepantes encontrados. A avaliação visa, desta forma, regular e potenciar o progresso escolar dos alunos. Tem por isso um caráter descritivo e informativo, os resultados obtidos têm em consideração um padrão pré-estabelecido e, “neste caso, o lugar que o indivíduo ocupa é determinado pela distância a que se encontra do máximo possível de alcançar” (Proença, 1989, p. 145). A classificação tem um caráter seletivo, numa escala de 1 a 5 (nível) ou de 1 a 20 (valores), já a avaliação tem um caráter formativo. O sistema de classificação deverá ser completado com o sistema de avaliação. Assim, não se deverá resumir a avaliação a uma determinada classificação, porque a avaliação é um processo mais amplo, mais rico, é contínua e sistemática. Infelizmente, as classificações são encaradas como “fins em si mesmos” (Proença, 1989, p. 145), tanto por docentes como por alunos e pais, o que desencadeia sentimentos de ansiedade, nervosismo e competição pouco saudável entre os alunos. Por outro lado, o sistema de classificação é, segundo Proença, (1989, p. 146) “um sistema de informação fácil de compreender e interpretar”: permite objetivamente traçar o percurso do aluno e seus progressos; são dados que facilmente os Encarregados de Educação poderão analisar e permite a comparação de resultados ao nível de escola, dando assim um feedback aos professores dos resultados obtidos pelos alunos." Segundo a mesma autora, a avaliação terá êxito se forem cumpridos os objetivos propostos, se foram utilizadas as estratégias e os recursos mais adequados. Por isso, a avaliação “não é o fim de um circuito mas um meio. Sendo assim, com a avaliação há um feedback constante que nos permite uma constante auto-regulação” (Proença, 1989, p. 146).





Da avaliação dos progressos depende a definição de objetivos e o estabelecimento de estratégias. Serão reguláveis para que os alunos demonstrem progressos. Da mesma forma serão indicadores que o docente deverá ter em linha de conta no seu trabalho didático diário. 

 

Existem três tipos de avaliação: a avaliação de diagnóstico, que permite avaliar os pré-requisitos e conhecer as lacunas do aluno em relação à matéria que se vai lecionar; a avaliação formativa, que valoriza a aprendizagem do aluno como um processo e que “tem como finalidade a autocorreção do aluno e professor.” (Proença, 1989, p. 148) e, por último, a avaliação sumativa, que sintetiza o resultado final obtido. 


Na avaliação de diagnóstico, o docente poderá realizar um teste escrito ou solicitar a elaboração de um trabalho ou optar por fazer uma avaliação oral. O tradicional teste escrito não é a forma exclusiva para diagnosticar capacidades e conhecimentos. Outras estratégias poderão ser utilizadas na avaliação de diagnóstico: “a avaliação formativa tem como finalidade reconhecer onde e porquê o aluno sente dificuldades e procurar informá-lo” (Proença, 1989, p. 151). Para isso, o professor terá, numa primeira etapa, de recolher informações quanto aos progressos e dificuldades dos alunos, depois interpretar essas informações para conhecer as causas que justificam as dificuldades e, por último, a adaptação das atividades de ensino/aprendizagem tendo em conta as informação obtida.
Na perspetiva behaviorista, “a avaliação será baseada em objectivos pedagógicos definidos em termos comportamentais observáveis” (Proença, 1989, p. 151). Utilizar-se-ão para tal instrumentos psicométricos, objetivos, que traduzam dados quantitativos, nomeadamente grelhas de observação e testes escritos com questões de resposta fechada. Para interpretar as informações recolhidas, importa estabelecer comparações entre as “performances observadas no aluno com critérios de «performances» pré-estabelecidos” (Proença, 1989, p. 151). Quanto aos objetivos que não foram atingidos, o professor proporá atividades de remediação diversas, não só na sua natureza, como nas suas modalidades de apresentação, mas “a tendência geral será, no entanto, para exercer uma maior directividade sobre o aluno, uma progressão mais lenta das tarefas, uma maior estruturação das situações de aprendizagem e um feed-back mais rápido e mais frequente” (Proença, 1989, p. 152).
Na perspetiva cognitivista, valorizam-se mais os processos de aprendizagem que propriamente os resultados das aprendizagens realizadas. Para obter informações sobre os referidos processos, o docente poderá observar o comportamento dos alunos durante a realização das tarefas ou enquanto “discutem os processos a seguir para executarem uma tarefa” (Proença, 1989, p. 152) ou, em alternativa, através da realização de entrevistas de acordo com os métodos de Piaget. Para melhor operacionalizar todo o processo, o professor pode utilizar uma grelha ou «check-list», pode elaborar um relatório ou realizar fichas de trabalho. A interpretação da informação recolhida terá em linha de conta aspetos como o estádio de desenvolvimento cognitivo do aluno, a sua estratégia em relação à tarefa, a sua capacidade de reorientação da atividade face a novas informações, entre outros. Procura-se, desta forma, que o processo de aprendizagem do aluno seja construtivo e, por isso, o professor poderá optar por propor trabalhos individuais mas devidamente direcionados para as dificuldades apresentadas pelo aluno, tendo em conta as caraterísticas dos seus processos mentais. Poderá optar igualmente por trabalhos em grupo ou pela interação com o aluno. A atividade letiva é composta por ensino, aprendizagem, avaliação e posterior reformulação do ensino para que novas aprendizagens possam ocorrer.
A avaliação sumativa apresenta um determinado resultado quanto à aquisição não só de conhecimentos como também de capacidades e atitudes, e a ela está inerente a comparação entre os alunos, numa escala de 1 a 5 (níveis) ou de 1 a 20 (valores). A construção de um teste de avaliação sumativa deve ter por base uma matriz ou tabela de especificações. Nela, o docente especifica os conteúdos de aprendizagem, os diferentes domínios de aprendizagem, o tipo e o número de questões que compõem o teste, bem como o peso de cada uma das questões. Como refere Proença (1989, p. 158), “a partir da importância atribuída a cada área durante o processo de aprendizagem, o professor irá calcular o número de itens do teste e a sua distribuição pelas diferentes áreas, tendo em conta que a maior ênfase na aprendizagem deve corresponder a um maior número de perguntas.” Para além da utilização dos testes de avaliação sumativa, o professor deve recorrer à observação direta. Através da observação direta, poderá ir construindo o seu ensino em função dos sinais dados pelos alunos ao longo do tempo. Mas, para tal, necessita ter bem presente os objetivos de aprendizagem, “caso contrário perderá muitas oportunidades de recolher dados relevantes sobre a progressão dos seus alunos” (Proença, 1989, p. 161). Como salienta Proença (1989, p. 162),  “a observação pode proporcionar informações suplementares sobre o aluno que são muito significativas para determinar o seu padrão típico de comportamento. O professor deve estar atento a todas as manifestações dos seus alunos porque só assim poderá determinar até que ponto o seu comportamento corresponde às suas afirmações.” O vídeo seguinte veicula algumas opiniões sobre avaliação formativa e sumativa.


As escalas são um instrumento que dá informações sobre os diferentes graus nos quais o aluno poderá situar-se. Existem as escalas numéricas, as gráficas e as descritivas. Nas escalas numéricas são utilizadas unidades numéricas (de 1 a 5) que atestam a existência de propriedades ou a falta delas. Nas escalas gráficas, são utilizadas escalas horizontais com diferentes graus e números. As escalas descritivas apresentam de forma detalhada aquilo que é observável, tendo em conta os vários graus. As escalas devem ser bastante objetivas, para que fique claro o que está a ser avaliado. Só desta forma é possível recolher informações claras e precisas sobre os alunos, o que se repercute no conhecimento do progresso dos mesmos. O professor pode, ao longo do tempo e com o recurso às escalas, recolher informações sobre a evolução do aproveitamento e comportamento do aluno. Proença (1989, p. 165) refere também as listas de verificação, como “sequência de atividades referentes a determinados aspetos da atuação do aluno que o professor pretende observar.” Por último, Proença (1989) refere o registo de ocorrências significativas relativamente a atitudes positivas ou negativas do aluno. Nesses registos, o docente deverá anotar apenas o que é significativo e de uma forma objetiva e concisa, logo após o sucedido. Deve evitar fazer comentários pessoais ou juízos de valor e não centrar os seus registos apenas nos acontecimentos negativos, valorizando também as atitudes positivas dos alunos.
Em suma, a avaliação é um processo que se estende ao longo do tempo e de forma sistemática. Fornece ao docente informações/pistas sobre se os objetivos definidos para determinada unidade temática estão a ser cumpridos. A avaliação serve igualmente o propósito de reorientar o trabalho didático do docente para que as aprendizagens sejam efetivas e construtivas.

Bibliografia:

Proença, C. (1989). Didáctica da História. Lisboa: Universidade Aberta.