segunda-feira, 6 de junho de 2016

Cândida Proença, Didáctica da História, Lisboa, Universidade Aberta, 1989, p. 174-191.

Proença (1989, p. 174) considera que existem três coordenadas fundamentais relativamente à planificação do ensino: “esquema conceptual, capacidades a desenvolver e os grandes problemas sociais em torno dos quais se irá desenvolver a aprendizagem”. O esquema conceptual é a linha de orientação que tem a função de evitar a dispersão da aprendizagem por temas secundários e que não têm relevância suficiente para ser objeto de estudo. Outra importante coordenada é o desenvolvimento de capacidades intelectuais ou sociais no aluno, não esquecendo os avanços científicos e a preparação do aluno como futuro cidadão. Por último, o docente deve realizar a sua planificação tendo em conta os problemas sociais da atualidade para “sensibilizar os alunos para a sua solução” (Proença, 1989, p. 175). A mesma autora considera, porém, que não se deve optar em exclusivo apenas por uma destas coordenadas, o professor deverá antes ter em linha de conta as três, aquando da planificação do seu trabalho.
Proença (1989) defende a organização do ensino por unidades didáticas em detrimento da planificação por lição. Segundo a planificação por unidades didáticas, o aluno encontra-se no centro da aprendizagem, realiza atividades orientadas pelo docente com o seu auxílio, e coloca as suas dúvidas. Já na aprendizagem planificada na perspetiva de lição, o professor ocupa um papel central, a aula é dirigida por ele e o aluno não coloca questões antes responde às mesmas formuladas pelo professor.  




A planificação, segundo Proença (1989, p. 176), é “uma necessidade decorrente da conceção do processo didático como uma ação cientificamente conduzida para alcançar determinadas finalidades educativas.” Para desenvolver capacidades e transmitir conhecimentos, o professor deve elaborar uma planificação rigorosa, bem como refletir sobre as melhores estratégias e os recursos mais adequados que deverá utilizar. Como Proença (1989, p. 176), refere “tais metas não podem ser deixadas ao acaso, até porque estão definidas nos programas oficiais.” Contudo, a planificação dos conteúdos programáticos não deverá ser demasiado rígida, de tal modo que o professor não possa corresponder às interações da aula. Como salienta Proença (1989, p. 177), a “aula é um processo vivo e dinâmico, onde uma complexa trama de interações humanas e diversidades de interesses determinam a atuação do professor e dos alunos.” Assim, a planificação é um documento de referência que deve estruturar o processo de ensino e de aprendizagem. O vídeo seguinte aborda a importância de haver uma planificação do processo de ensino e aprendizagem.





A planificação deve respeitar o currículo e o programa da disciplina, bem como a idade, o desenvolvimento e as condições socioeconómicas e culturais dos alunos e deve atender igualmente ao contexto escolar, às suas infraestruturas, assim como ao meio onde a escola está inserida. A planificação deverá privilegiar a aprendizagem como um processo e não visar apenas resultados finais, classificações ou níveis obtidos, daí que todos os dados atrás mencionados são relevantes para traçar um plano de aprendizagem. A planificação a longo prazo procura gerir os conteúdos do programa da disciplina ao longo do ano letivo e tem em consideração os esquemas conceptuais, que são “as ideias subjacentes à organização de um programa, dependentes das posições pedagógicas e filosóficas dos seus autores” (Proença, 1989, p. 178). A planificação a médio prazo incide sobre uma determinada unidade temática e nela deverão constar: uma linha conceptual de desenvolvimento que interliga os vários conteúdos; os pré-requisitos que o aluno deverá ter para poder estudar um novo tema; os objetivos gerais e a sua operacionalização em objetivos específicos; os conteúdos organizados; as estratégias de ensino; a avaliação; o tempo; o material necessário à realização das atividades propostas; os materiais de avaliação formativa e sumativa, bem como as atividades de remediação ou de enriquecimento e a bibliografia utilizada.


Proença (1989, p. 182) considera que “a planificação a médio prazo é a trave mestra da condução do ensino. Aliás permite que o ensino seja dirigido para a unidade como um todo, e não fragmentado aula a aula, o que é muito importante em termos de conceção da aprendizagem”. Cabe a cada professor encontrar um modelo próprio de acordo com a sua conceção de ensino, as caraterísticas dos seus alunos e a sua própria personalidade. Para terminar, apresenta-se um vídeo que aborda, entre outras, a temática da importância da planificação.


Bibliografia:

Proença, C. (1989). Didáctica da História. Lisboa: Universidade Aberta.

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