sexta-feira, 17 de junho de 2016

Conclusão do portefólio

Percorrido este longo caminho, chegámos ao seu termo. Muito trabalho foi realizado e muitas foram as aprendizagens. No entanto, o meu percurso como docente continuará a desenvolver-se através de investigação, estudo cuidado, responsabilidade no acompanhamento das várias mudanças de ordem social, cultural e tecnológica, e ainda reflexão e questionamento contínuo da minha prática letiva. Destaco, sobretudo, a necessária humildade para constatar as ultrapassadas e descontextualizadas práticas pedagógicas que já não surtem os efeitos desejados. Nestes casos, há que repensar o ensino e implementar novos procedimentos mais eficazes.
Em síntese, considero que o balanço das minhas aprendizagens foi muito positivo. Tratou-se de uma formação que veio a melhorar a minha atividade pedagógica, despertando-me para novos e melhores caminhos a seguir. Apesar de não lecionar atualmente Português e História e Geografia de Portugal do 2º ciclo, tive sempre especial interesse por estas disciplinas. Comecei a minha carreira docente lecionando o grupo de recrutamento 200. Por isso, esta profissionalização vem completar as minhas habilitações como docente. Muito há para aprender, basta querer melhorar. Este é a função do professor: melhorar as aprendizagens dos alunos. Para consegui-lo, o professor necessita de procurar melhorar como educador. Despeço-me com alguns pensamentos de Paulo Freire:



 Soraia Martins Moreira


segunda-feira, 6 de junho de 2016

Cândida Proença, Didáctica da História, Lisboa, Universidade Aberta, 1989, p. 174-191.

Proença (1989, p. 174) considera que existem três coordenadas fundamentais relativamente à planificação do ensino: “esquema conceptual, capacidades a desenvolver e os grandes problemas sociais em torno dos quais se irá desenvolver a aprendizagem”. O esquema conceptual é a linha de orientação que tem a função de evitar a dispersão da aprendizagem por temas secundários e que não têm relevância suficiente para ser objeto de estudo. Outra importante coordenada é o desenvolvimento de capacidades intelectuais ou sociais no aluno, não esquecendo os avanços científicos e a preparação do aluno como futuro cidadão. Por último, o docente deve realizar a sua planificação tendo em conta os problemas sociais da atualidade para “sensibilizar os alunos para a sua solução” (Proença, 1989, p. 175). A mesma autora considera, porém, que não se deve optar em exclusivo apenas por uma destas coordenadas, o professor deverá antes ter em linha de conta as três, aquando da planificação do seu trabalho.
Proença (1989) defende a organização do ensino por unidades didáticas em detrimento da planificação por lição. Segundo a planificação por unidades didáticas, o aluno encontra-se no centro da aprendizagem, realiza atividades orientadas pelo docente com o seu auxílio, e coloca as suas dúvidas. Já na aprendizagem planificada na perspetiva de lição, o professor ocupa um papel central, a aula é dirigida por ele e o aluno não coloca questões antes responde às mesmas formuladas pelo professor.  




A planificação, segundo Proença (1989, p. 176), é “uma necessidade decorrente da conceção do processo didático como uma ação cientificamente conduzida para alcançar determinadas finalidades educativas.” Para desenvolver capacidades e transmitir conhecimentos, o professor deve elaborar uma planificação rigorosa, bem como refletir sobre as melhores estratégias e os recursos mais adequados que deverá utilizar. Como Proença (1989, p. 176), refere “tais metas não podem ser deixadas ao acaso, até porque estão definidas nos programas oficiais.” Contudo, a planificação dos conteúdos programáticos não deverá ser demasiado rígida, de tal modo que o professor não possa corresponder às interações da aula. Como salienta Proença (1989, p. 177), a “aula é um processo vivo e dinâmico, onde uma complexa trama de interações humanas e diversidades de interesses determinam a atuação do professor e dos alunos.” Assim, a planificação é um documento de referência que deve estruturar o processo de ensino e de aprendizagem. O vídeo seguinte aborda a importância de haver uma planificação do processo de ensino e aprendizagem.





A planificação deve respeitar o currículo e o programa da disciplina, bem como a idade, o desenvolvimento e as condições socioeconómicas e culturais dos alunos e deve atender igualmente ao contexto escolar, às suas infraestruturas, assim como ao meio onde a escola está inserida. A planificação deverá privilegiar a aprendizagem como um processo e não visar apenas resultados finais, classificações ou níveis obtidos, daí que todos os dados atrás mencionados são relevantes para traçar um plano de aprendizagem. A planificação a longo prazo procura gerir os conteúdos do programa da disciplina ao longo do ano letivo e tem em consideração os esquemas conceptuais, que são “as ideias subjacentes à organização de um programa, dependentes das posições pedagógicas e filosóficas dos seus autores” (Proença, 1989, p. 178). A planificação a médio prazo incide sobre uma determinada unidade temática e nela deverão constar: uma linha conceptual de desenvolvimento que interliga os vários conteúdos; os pré-requisitos que o aluno deverá ter para poder estudar um novo tema; os objetivos gerais e a sua operacionalização em objetivos específicos; os conteúdos organizados; as estratégias de ensino; a avaliação; o tempo; o material necessário à realização das atividades propostas; os materiais de avaliação formativa e sumativa, bem como as atividades de remediação ou de enriquecimento e a bibliografia utilizada.


Proença (1989, p. 182) considera que “a planificação a médio prazo é a trave mestra da condução do ensino. Aliás permite que o ensino seja dirigido para a unidade como um todo, e não fragmentado aula a aula, o que é muito importante em termos de conceção da aprendizagem”. Cabe a cada professor encontrar um modelo próprio de acordo com a sua conceção de ensino, as caraterísticas dos seus alunos e a sua própria personalidade. Para terminar, apresenta-se um vídeo que aborda, entre outras, a temática da importância da planificação.


Bibliografia:

Proença, C. (1989). Didáctica da História. Lisboa: Universidade Aberta.

Maria Cândida Proença, Didáctica da História, Lisboa, Universidade Aberta, 1989, p. 144-169.

A avaliação é a forma adequada para regular os conhecimentos dos alunos em função dos objetivos traçados pela escola e pelo professor. Para isso, é necessário “identificar e definir os objetivos educacionais e construir ou selecionar os instrumentos de avaliação que melhor possam testar a consecução dos objetivos” (Proença, 1989, p. 144). A avaliação é um processo contínuo, sistemático, e requer o estabelecimento prévio dos objetivos para que se possa posteriormente verificar se houve ou não progressos por parte do aluno. A avaliação não se resume a uma determinada classificação, “a avaliação inclui descrições qualitativas e quantitativas do comportamento do aluno e juízos de valor sobre o desejo de apresentar esse comportamento; a classificação está limitada a descrições quantitativas do comportamento do aluno.” (Proença, 1989, p. 144). No seguinte vídeo, tecem-se algumas considerações sobre qual é e qual deveria ser o papel da avaliação na educação.


Atualmente, a avaliação tem por referência as metas educacionais e, neste sentido, procura aferir até que ponto elas são alcançadas, pois “descreve qual é a situação do aluno num determinado momento; compara com o que devia ser, isto é, a situação que se desejaria face aos objetivos enunciados; identifica as discrepâncias existentes” (Proença, 1989, p. 144). A partir daí, o professor analisa a informação e procurará novas soluções para os resultados discrepantes encontrados. A avaliação visa, desta forma, regular e potenciar o progresso escolar dos alunos. Tem por isso um caráter descritivo e informativo, os resultados obtidos têm em consideração um padrão pré-estabelecido e, “neste caso, o lugar que o indivíduo ocupa é determinado pela distância a que se encontra do máximo possível de alcançar” (Proença, 1989, p. 145). A classificação tem um caráter seletivo, numa escala de 1 a 5 (nível) ou de 1 a 20 (valores), já a avaliação tem um caráter formativo. O sistema de classificação deverá ser completado com o sistema de avaliação. Assim, não se deverá resumir a avaliação a uma determinada classificação, porque a avaliação é um processo mais amplo, mais rico, é contínua e sistemática. Infelizmente, as classificações são encaradas como “fins em si mesmos” (Proença, 1989, p. 145), tanto por docentes como por alunos e pais, o que desencadeia sentimentos de ansiedade, nervosismo e competição pouco saudável entre os alunos. Por outro lado, o sistema de classificação é, segundo Proença, (1989, p. 146) “um sistema de informação fácil de compreender e interpretar”: permite objetivamente traçar o percurso do aluno e seus progressos; são dados que facilmente os Encarregados de Educação poderão analisar e permite a comparação de resultados ao nível de escola, dando assim um feedback aos professores dos resultados obtidos pelos alunos." Segundo a mesma autora, a avaliação terá êxito se forem cumpridos os objetivos propostos, se foram utilizadas as estratégias e os recursos mais adequados. Por isso, a avaliação “não é o fim de um circuito mas um meio. Sendo assim, com a avaliação há um feedback constante que nos permite uma constante auto-regulação” (Proença, 1989, p. 146).





Da avaliação dos progressos depende a definição de objetivos e o estabelecimento de estratégias. Serão reguláveis para que os alunos demonstrem progressos. Da mesma forma serão indicadores que o docente deverá ter em linha de conta no seu trabalho didático diário. 

 

Existem três tipos de avaliação: a avaliação de diagnóstico, que permite avaliar os pré-requisitos e conhecer as lacunas do aluno em relação à matéria que se vai lecionar; a avaliação formativa, que valoriza a aprendizagem do aluno como um processo e que “tem como finalidade a autocorreção do aluno e professor.” (Proença, 1989, p. 148) e, por último, a avaliação sumativa, que sintetiza o resultado final obtido. 


Na avaliação de diagnóstico, o docente poderá realizar um teste escrito ou solicitar a elaboração de um trabalho ou optar por fazer uma avaliação oral. O tradicional teste escrito não é a forma exclusiva para diagnosticar capacidades e conhecimentos. Outras estratégias poderão ser utilizadas na avaliação de diagnóstico: “a avaliação formativa tem como finalidade reconhecer onde e porquê o aluno sente dificuldades e procurar informá-lo” (Proença, 1989, p. 151). Para isso, o professor terá, numa primeira etapa, de recolher informações quanto aos progressos e dificuldades dos alunos, depois interpretar essas informações para conhecer as causas que justificam as dificuldades e, por último, a adaptação das atividades de ensino/aprendizagem tendo em conta as informação obtida.
Na perspetiva behaviorista, “a avaliação será baseada em objectivos pedagógicos definidos em termos comportamentais observáveis” (Proença, 1989, p. 151). Utilizar-se-ão para tal instrumentos psicométricos, objetivos, que traduzam dados quantitativos, nomeadamente grelhas de observação e testes escritos com questões de resposta fechada. Para interpretar as informações recolhidas, importa estabelecer comparações entre as “performances observadas no aluno com critérios de «performances» pré-estabelecidos” (Proença, 1989, p. 151). Quanto aos objetivos que não foram atingidos, o professor proporá atividades de remediação diversas, não só na sua natureza, como nas suas modalidades de apresentação, mas “a tendência geral será, no entanto, para exercer uma maior directividade sobre o aluno, uma progressão mais lenta das tarefas, uma maior estruturação das situações de aprendizagem e um feed-back mais rápido e mais frequente” (Proença, 1989, p. 152).
Na perspetiva cognitivista, valorizam-se mais os processos de aprendizagem que propriamente os resultados das aprendizagens realizadas. Para obter informações sobre os referidos processos, o docente poderá observar o comportamento dos alunos durante a realização das tarefas ou enquanto “discutem os processos a seguir para executarem uma tarefa” (Proença, 1989, p. 152) ou, em alternativa, através da realização de entrevistas de acordo com os métodos de Piaget. Para melhor operacionalizar todo o processo, o professor pode utilizar uma grelha ou «check-list», pode elaborar um relatório ou realizar fichas de trabalho. A interpretação da informação recolhida terá em linha de conta aspetos como o estádio de desenvolvimento cognitivo do aluno, a sua estratégia em relação à tarefa, a sua capacidade de reorientação da atividade face a novas informações, entre outros. Procura-se, desta forma, que o processo de aprendizagem do aluno seja construtivo e, por isso, o professor poderá optar por propor trabalhos individuais mas devidamente direcionados para as dificuldades apresentadas pelo aluno, tendo em conta as caraterísticas dos seus processos mentais. Poderá optar igualmente por trabalhos em grupo ou pela interação com o aluno. A atividade letiva é composta por ensino, aprendizagem, avaliação e posterior reformulação do ensino para que novas aprendizagens possam ocorrer.
A avaliação sumativa apresenta um determinado resultado quanto à aquisição não só de conhecimentos como também de capacidades e atitudes, e a ela está inerente a comparação entre os alunos, numa escala de 1 a 5 (níveis) ou de 1 a 20 (valores). A construção de um teste de avaliação sumativa deve ter por base uma matriz ou tabela de especificações. Nela, o docente especifica os conteúdos de aprendizagem, os diferentes domínios de aprendizagem, o tipo e o número de questões que compõem o teste, bem como o peso de cada uma das questões. Como refere Proença (1989, p. 158), “a partir da importância atribuída a cada área durante o processo de aprendizagem, o professor irá calcular o número de itens do teste e a sua distribuição pelas diferentes áreas, tendo em conta que a maior ênfase na aprendizagem deve corresponder a um maior número de perguntas.” Para além da utilização dos testes de avaliação sumativa, o professor deve recorrer à observação direta. Através da observação direta, poderá ir construindo o seu ensino em função dos sinais dados pelos alunos ao longo do tempo. Mas, para tal, necessita ter bem presente os objetivos de aprendizagem, “caso contrário perderá muitas oportunidades de recolher dados relevantes sobre a progressão dos seus alunos” (Proença, 1989, p. 161). Como salienta Proença (1989, p. 162),  “a observação pode proporcionar informações suplementares sobre o aluno que são muito significativas para determinar o seu padrão típico de comportamento. O professor deve estar atento a todas as manifestações dos seus alunos porque só assim poderá determinar até que ponto o seu comportamento corresponde às suas afirmações.” O vídeo seguinte veicula algumas opiniões sobre avaliação formativa e sumativa.


As escalas são um instrumento que dá informações sobre os diferentes graus nos quais o aluno poderá situar-se. Existem as escalas numéricas, as gráficas e as descritivas. Nas escalas numéricas são utilizadas unidades numéricas (de 1 a 5) que atestam a existência de propriedades ou a falta delas. Nas escalas gráficas, são utilizadas escalas horizontais com diferentes graus e números. As escalas descritivas apresentam de forma detalhada aquilo que é observável, tendo em conta os vários graus. As escalas devem ser bastante objetivas, para que fique claro o que está a ser avaliado. Só desta forma é possível recolher informações claras e precisas sobre os alunos, o que se repercute no conhecimento do progresso dos mesmos. O professor pode, ao longo do tempo e com o recurso às escalas, recolher informações sobre a evolução do aproveitamento e comportamento do aluno. Proença (1989, p. 165) refere também as listas de verificação, como “sequência de atividades referentes a determinados aspetos da atuação do aluno que o professor pretende observar.” Por último, Proença (1989) refere o registo de ocorrências significativas relativamente a atitudes positivas ou negativas do aluno. Nesses registos, o docente deverá anotar apenas o que é significativo e de uma forma objetiva e concisa, logo após o sucedido. Deve evitar fazer comentários pessoais ou juízos de valor e não centrar os seus registos apenas nos acontecimentos negativos, valorizando também as atitudes positivas dos alunos.
Em suma, a avaliação é um processo que se estende ao longo do tempo e de forma sistemática. Fornece ao docente informações/pistas sobre se os objetivos definidos para determinada unidade temática estão a ser cumpridos. A avaliação serve igualmente o propósito de reorientar o trabalho didático do docente para que as aprendizagens sejam efetivas e construtivas.

Bibliografia:

Proença, C. (1989). Didáctica da História. Lisboa: Universidade Aberta.

domingo, 15 de maio de 2016

Metodologias de estudo em História da Arte

De acordo com Argan e Fagiolo (1994), a história da arte é estudada de acordo com um dos seguintes quatro métodos.
No método formalista, o pintor/artista utiliza modelos formais próprios para transmitir uma determinada conceção do mundo e do espaço. Por exemplo, na arte italiana do século XIV ao século XIX domina uma conceção geométrica do espaço representado, denominada a perspetiva, como se pode ver no exemplo seguinte, um afresco presente na Capela Sistina, de Pietro Perugino, que levou este processo até Roma.



O método sociológico, por seu lado, afirma que a arte retrata a história da sociedade, o social.
“Se o método formalista estuda a formação da obra de arte na consciência do artista, e o método sociológico a sua génese e a sua existência na realidade social, o método iconológico, (…) parte da premissa de que a actividade artística tem impulsos mais profundos, ao nível do inconsciente individual e colectivo.” (Argan & Fagiolo, 1994, p. 38) Afinal, a atividade artística parte maioritariamente da imaginação do pintor ou escultor, por exemplo.
Por último, o método estruturalista procura decifrar as mensagens por sinais. “Uma vez que os sinais são significantes, o problema da arte está incluído no da comunicação: e mais do que nunca fica aberto o debate acerca da possibilidade ou da legitimidade de distinguir a mensagem estética da mensagem puramente informativa.” (Argan & Fagiolo, 1994, p. 40). O pequeno vídeo que se apresenta em seguida aborda o estruturalismo, com alguns exemplos muito simples.


Bibliografia

Argan, G. C. & Fagiolo, M. (1994). Guia de história da arte. (2ª edição). Lisboa: Editorial Estampa.


Introdução à análise de imagem, de Joly Martine

A imagem domina a atualidade. É preciosa a sua utilidade e, por isso, devemos saber lê-la e dela tirar o maior partido possível. Com o avanço das Tecnologias de Informação e Comunicação, a nossa cultura dominante é a digital, onde imperam as imagens. A imagem é, de facto, uma linguagem e “instrumento de expressão e comunicação” (Joly, 2007, p. 61) Como referiu o linguista Roman Jakobson (1963, citado por Joly, 2007, p. 62) “A linguagem deve ser estudada em toda a variedade das suas funções.” Qualquer ato comunicacional, incluindo o visual, rege-se pelos seguintes fatores constitutivos: o destinador, o destinatário, a mensagem, o contexto, o contacto e o código. Cada um destes seis fatores originou uma função linguística diferente: a expressiva ou emotiva, a conativa, a poética, a denotativa/cognitiva ou referencial, a fática e a metalinguística. Deste modo, a função denotativa centra-se no conteúdo da mensagem; a função expressiva foca o emissor da mensagem, sendo mais subjetiva; a função conativa implica a interpelação do destinatário na mensagem, através do uso do imperativo ou da interrogação; a função fática procura manter o contcato entre os participantes do ato comunicacional, sendo frequentes as expressões “então, tudo bem?” ou “ah, sim?”. Por último, a função metalinguística “tem por objeto o exame do código empregue, enquanto que a função poética trabalha sobre a própria mensagem ao manipular o seu lado palpável e percetível, como as sonoridades ou o ritmo no caso da língua.” (Joly, 2007, p.64)



Neste sentido, não se poderá dizer que determinado tipo de imagens apresenta uma classificação específica. Por exemplo, dizer que as fotografias de imprensa apresentam a função referencial, exclusivamente, não estaria correto, porque também poderão ter a função expressiva ou emotiva. Da mesma forma, as fotografias de moda evidenciam a função expressiva, poética e conativa. A imagem contará sempre com a visão subjetiva do espectador, ao contrário dos enunciados escritos que afirmam taxativamente determinada realidade. Para além disso, poderá haver, para além da função explícita, uma função comunicativa implícita, e essa contará sempre com a subjetividade dos destinatários. O vídeo que se segue, de um entusiasta professor de Português brasileiro, clarifica de forma muito simples as funções da linguagem.


Bibliografia


Martine, J. (1994). Introdução à análise da imagem. Lisboa: Ed. 70.

Utilização pedagógica de vídeos em contexto escolar.



Moreira e Nejmeddine (2015, p. 30) afirmam, a propósito do uso de materiais videográficos, que “a utilização destes recursos de aprendizagem audiovisuais pelos professores na sua prática diária deve corresponder a uma necessidade pedagógica e estar integrada na metodologia de forma a serem desenvolvidas todas as potencialidades destes objetos”.



Os autores propõem “três fases para a sua visualização, cada uma com certas tarefas específicas.” A primeira fase, anterior à visualização do vídeo, é aquela em que o professor fará uma introdução à tarefa, apresentando aos alunos “claramente os objetivos e discutindo com eles os pontos principais do assunto/palavras chave” (Moreira & Nejmeddine, 2015, p. 31). Se a visualização do vídeo for acompanhada de uma grelha, é nesta fase que o professor a apresenta aos alunos e é aqui que realizam as atividades de pré-visualização.
Na fase de visualização, os alunos visualizam o vídeo e preenchem a parte da grelha destinada a este momento ou, em alternativa, são guiados por um guião fornecido pelo professor. É aconselhável “fazer-se a gestão dos momentos mais elucidativos, através de pausas planeadas, dando oportunidade à reflexão sobre o sentido da narrativa e sobre a sua ligação com os conteúdos abordados na aula” (Moreira & Nejmeddine, 2015, p. 31).
A terceira e última fase, de pós-visualização, prevê que haja “lugar para o diálogo/debate sobre as ideias e emoções levantadas pelo objeto videográfico e uma síntese das aprendizagens por ele veiculadas, integrando-as na temática em estudo” (Moreira & Nejmeddine, 2015, p. 31), que será o espaço no qual os estudantes expressarão as suais opiniões, muitas vezes através da grelha de visualização, se contemplar também a pós-visualização, ou apenas oralmente, em debate. O vídeo seguinte clarifica algumas das potencialidades educativas do uso dos vídeos em sala de aula.


Bibliografia

Moreira, J. A., & Nejmeddine, F. (2015). O Vídeo como Dispositivo Pedagógico e Possibilidades de Utilização Didática em Ambientes de Aprendizagem Flexíveis. Santo Tirso: Wh!teBooks.

Sobre o uso de tecnologia nas aulas – Google Art Project

Neste texto apresenta-se uma ferramenta com a qual se pode dar um uso algo inovador a ferramentas do Google em sala de aula, neste caso o Google Art Project (https://www.google.com/culturalinstitute/u/0/project/art-project?hl=pt-PT), apresentado no pequeno vídeo que se segue:


Através dele, o professor pode aceder a coleções de obras de arte e organizar uma exposição e também selecionar o conjunto de obras a mostrar aos alunos. É possível aumentar o seu tamanho e estabelecer comparações entre obras que se encontram em diferentes museus. O instituto cultural do Google permite igualmente a realização de visitas virtuais a um conjunto diversificado de museus portugueses e estrangeiros, de acordo com os conteúdos que estão a ser lecionados. O Google Cultural Institute é um portal que visa preservar e divulgar a herança cultural da Humanidade. Disponibiliza um vasto e diversificado repositório de fontes de informação. Entre os arquivos disponíveis podem-se encontrar fotogalerias sobre importantes acontecimentos históricos, como por exemplo o Dia D., o Maio de 68, a coroação da rainha Isabel II, entre outros. Para além de fotografias, é possível a aceder a documentos digitalizados como quadros, cartas, manuscritos, relatos, ou até mesmo vídeos.



O Google Art Project tem grandes potencialidades para o ensino da disciplina de História e Geografia de Portugal do 2º ciclo do ensino básico, sobretudo no que respeita à possibilidade de se realizarem na sala de aula visitas virtuais a vários monumentos nacionais e estrangeiros. As referências ao património histórico e natural português são uma constante da disciplina e os manuais não fornecem recursos audiovisuais suficientes para tornar esclarecedores determinados pontos do programa. O site referido é bastante inovador ao potenciar uma aprendizagem dinâmica e interativa. O aluno consegue aceder e visualizar não só o exterior, como também o interior dos monumentos e conhecer a sua planta. Fica com uma noção precisa e real dos temas abordados em sala de aula. Ao ser uma ferramenta mais apelativa, pode motivar os alunos para a aprendizagem da disciplina. Numa sociedade em constante mudança, é necessário encontrar estratégias didáticas alternativas, de modo a prepará-los para os novos desafios da sociedade de informação. Com este recurso, é possível utilizar métodos de ensino que favoreçam o trabalho autónomo do aluno e a aprendizagem pela descoberta. Num outro espaço extraescolar, o aluno pode dar continuidade à sua aprendizagem, aprendendo a aprender. Com uma aprendizagem ativa e autêntica, é dada ao aluno a possibilidade de desenvolver capacidades de “observação, interpretação, análise e de síntese.” (Carvalho, 2012, p. 26), essenciais na sociedade digital. Por outro lado, a utilização do referido portal permite ao docente explorar de um modo mais profundo e detalhado os temas do programa e esclarecer os alunos nas suas dúvidas, podendo acrescentar informações complementares que sejam pertinentes para a lecionação do conteúdo em questão. “Esta estratégia pode estimular a imaginação dos alunos e proporciona-lhes uma oportunidade para estabelecer relações entre os seus conhecimentos prévios e nova informação que vão adquirindo” (Carvalho, 2012, p. 23) O acesso ao património histórico e cultural português é, deste modo, facilitado. À distância de um clique, um cada vez maior número de pessoas tem acesso gratuito a bens culturais. Na verdade, a realização de uma visita de estudo virtual pode evitar obstáculos de ordem financeira, da mesma forma que pode elevar o conhecimento dos bens culturais da Humanidade e, consequentemente, “configurar novas potencialidades para o ensino da História, permitindo integrar a visita virtual como recurso, com diversas possibilidades de exploração pedagógica pré e pós-visita real, que promove a aprendizagem e facilita o estabelecimento de relações entre o passado, presente e futuro” (Carvalho, 2012, p. 22). No exemplo seguinte, pode observar-se parte da visita virtual ao Museu do Prado.



As visitas de estudo virtuais apresentam, neste sentido, um grande potencial pedagógico. É possível utilizar este recurso em aula de duas formas distintas. Uma forma será uma visita guiada pelo professor, onde se pode explorar, por exemplo, o Castelo de Guimarães e as diversas partes que o constituem. Uma segunda hipótese será elaborar um guião de trabalho, a disponibilizar aos alunos, por exemplo através da plataforma Moodle. Os alunos, de forma autónoma, realizarão o trabalho, acedendo ao portal e explorando individualmente o Castelo de Guimarães.



Em ambos os casos, a tecnologia utilizada ajuda à promoção da aprendizagem em rede. O conceito de blended learning consiste na apropriação da tecnologia para a promoção de redes de aprendizagem e conhecimento. “A tecnologia sozinha não muda a prática escolar. Para maximizar os benefícios da inovação tecnológica importa alterar a forma como se pensa a educação. É este mix de uma sociedade presencial e virtual que nos conduz ao conceito de blended-learning" (Monteiro, Moreira & Lencastre, 2015, p. 8).
Pode-se assim concluir que a introdução das TIC no contexto educativo veio a alterar não só o perfil de aluno, como também requer um novo tipo de docente. Requer-se que o aluno seja mais responsável, autónomo, crítico, consciente e interessado pelo seu percurso de aprendizagem. Ao professor cabe-lhe a gestão das aprendizagens, através do estabelecimento de uma comunicação muito mais fortalecida com as novas tecnologias. Como referem Candeias e Silva (2008, p. 144) “O papel do professor no seio da comunidade aprendente torna-se, assim, o de guia, mediador, conselheiro e desafiador, acompanhando na busca, seleção e tratamento da informação.” 

Bibliografia 


Candeias, M. I. & Silva, J. A. (2008). A nossa sala de aula já é maior que o planeta Terra!. In Educação, Formação & Tecnologias; vol. 1(1), pp. 142-152. Disponível em http://eft.educom.pt 

Carvalho, C. C. F. (2012). Visitas de Estudo Virtuais: contributos para uma outra aprendizagem da história na era da sociedade de informação. Dissertação de mestrado não publicada, Faculdade de Letras, Universidade do Porto, Porto, Portugal.

Monteiro, A., Moreira, J. A., & Lencastre, J. A. (2015). Blended (e)Learning na Sociedade Digital. Santo Tirso: Wh!te Books. 

Moreira, J. A., Barros, D., & Monteiro, A. (2015). Inovação e Formação na Sociedade Digital: Ambientes Virtuais, Tecnologias e Serious Games. Santo Tirso: Wh!te Books.